"Imaginemos os membros de várias gerações da nossa família. Todos os que fazem parte. Alguns nem conhecemos. Nunca ouvimos falar deles. Mesmo assim, fazem parte de nós e nós, deles.
Imaginemos que estão diante de nós, também aqueles que não conhecemos. Talvez os visualizemos apenas como sombras, de forma embaçada, mas mesmo assim eles estão aqui. Pegam-se pelas mãos e formam um círculo. Nós também entramos nesse círculo, junto com aqueles que nos são próximos, com nossos pais e irmãos, com nossos parceiros e filhos. Todos se olham. Olha para a direita, para a esquerda e para frente. Olham-se com amor. Nós também os olhamos e permitimos que nos olhem.
Alguns, cujos rostos não conhecemos, de repente tornam-se presentes para nós. Sentimos o efeito da sua presença. Enquanto os olhamos e eles nos olham, dizemos a cada um deles: "Eu te vejo. Eu te respeito. Eu te amo. Por favor, também me olhe - com amor".
Como todos se seguram pelas mãos, sentem a energia, o movimento e o amor de todos ao mesmo tempo. Permitindo-nos sentir o mais profundamente possível o que esse amor nos dá. Sentimos como nos amplia e nos cura. Sentimos como de repente conseguimos soltar. Sentimos como as preocupações desapareceram e como, de repente, estamos simplesmente presentes com todos eles.
Muitos, neste círculo, já morreram há muito tempo, mas ainda estão aqui. Talvez estivessem esperando por alguma coisa para que pudessem nos olhar e serem olhados. Agora fecham os olhos, desprendem-se. Entram para o reino dos mortos e lá permanecem em paz, para sempre.
Nós os deixamos partir, sem desejo e sem preocupações. Deixamos que partam, sem exigências e sem querer recuperar algo para eles e para nós. Sentimos como ficamos livres por terem se libertado de nós.
Os vivos ficam. Ainda seguram-se pelas mãos por algum tempo e se olham com amor.
Depois soltam as mãos. Cada um torna agora seu próprio caminho, por conta própria, mas ao mesmo tempo conectado. E livre no amor."
Bert Hellinger em "O Amor do Espírito"